domingo, 23 de setembro de 2007

Não há reflexos
De meu corpo inerte
Só um cansaço delirante
Um delírio itinerante
A viajar em minhas veias

No silêncio dessa solitude
Ouço o ruído que faz
Do sangue fluindo
Em minhas engrenagens
Lavando as entrelinhas

As lacunas eu preencho
Com tabaco e cevada
Nos instantes borbulhantes
Em que a mente depravada
Se despe do horror
Do teu olhar

A íris se retrai
Diante do grito dilatado
De seus olhos
Os meus arregalados
- Não de medo -
De desafio

Mais que um teste
Uma confirmação
De qualquer reação
Que emanasse dos poros
Ou um calor específico

Boa corda para quem
Não precisa se enforcar
Mau gosto, atrocidade
Para quem se recolheu
A um canto, com dor

Hipocrisia deflorada
Um tanto demagogo
Transbordável
Dispensável
Se quer saber

Ontem meu amigo
Meu amor
Hoje meu algoz
Ferocidade em drágeas
Que me recuso a consumir

Se eu deixasse que me tomasse
Por um olhar
Uma dor
Não seria eu
Seria a obsessão
Aquela forasteira
A me torturar.

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