terça-feira, 18 de setembro de 2007

Nesse tempo quente
As flores estão se abrindo
Na porta de casa
A massa cinzenta deixou o céu
E a luz do sol pende
Ao entardecer
Cegam os olhos pela vidraça
Enquanto a guitarra chora um blues
Enquanto ela se revira
Presa aos poros da minha pele
Com aquela angústia
E a salvação que suplicava
Nas canções que sussurrava
Quase um transe, uma prise
Um modo de desgastar o desespero
E abrir uma lacuna no tempo
Para poder respirar.

Um comentário:

Mário Liz disse...

Ao ler este poema, senti-me engasgado, sufocado, atordoado, angustiado, amordaçado, asfixiado, claustrofóbico e tantas outros "sentires" que a sinestesia é capaz de me dar.

Se a sua intenção era essa, parabéns ... !!!

Contudo, o mais interessante é que depois de tantos "sentires" angustiantes, ao final, uma dose cavalar de morfina me veio à alma.

É o milagre da poesia, e, em específico, da sua poesia.

bjus