Sinto falta de um lugar meu
No espaço-tempo
Algo incorruptível
Inabalável
Um tempo meu pra mim
Um espaço que eu caiba
Que não seja invadido
Um sentir que não seja
Vilipendiado
É o legítimo de mim
Que não consegue vir
À tona
Antes de morrer
Na vaga do mar
Que draga
- esse cotidiano
Ácido
Ser mulher é
Ter mil braços
Desejo manco
Pequenas alegrias
Como lavar os cabelos
Dores pungentes
Ininteligíveis
Por quem me cerca
É desapontar
Por meu cansaço
Minha inabilidade em abraçar
Às vezes - ou quase sempre...
É querer e não poder sorrir
Pelo peso dos dias
É querer chorar e engolir
Para dar conta desses dias
É rogar por solução alguma
Que não existe quando se está só
Silêncio para pensar
Barulho para espantar
O mal estar
Uma cápsula voadora
Para ir embora quando quero
Sol pra voltar quando sou
Filtros para lidar com tantos estímulos
E cargas pré-escolhidas por mim.
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