Rabiscar papéis imundos
Mexer meus pauzinhos
Para tecer essa trama
Levantar a pele
E ver a ferida acesa
De dias sonâmbulos
De cabelos de Medusa
Esticar o corpo inerte
Estancar isso que verte
Inunda
Empapa os lençóis
Meu corpo autônomo
Vai e me deixa à deriva
A mente goteja
O coração fibrila
Meus olhos grudam no escuro
O que as mãos não podem apalpar
Balbucio um gemido
E tudo é um circuito defeituoso
Minha boca de areia
Meus olhos de areia
Meus ouvidos
Nariz de areia
Espasmos e espantos
No espaldar
Não há água que dê conta
Escoar a torrente
Afrouxar o dente
Que aprisiona o berro:
Nada
Nada
Descansar
No nada
E eu a estrangular
Esse grito aos poucos
Com medo de devastar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário