terça-feira, 18 de outubro de 2022

Sobre exaustão, crises de ansiedade e síndrome do pânico

Cansada de espancar teclas
Rabiscar papéis imundos
Mexer meus pauzinhos
Para tecer essa trama

Levantar a pele
E ver a ferida acesa
De dias sonâmbulos 
De cabelos de Medusa

Esticar o corpo inerte
Estancar isso que verte
Inunda
Empapa os lençóis 

Meu corpo autônomo 
Vai e me deixa à deriva
A mente goteja
O coração fibrila

Meus olhos grudam no escuro
O que as mãos não podem apalpar
Balbucio um gemido
E tudo é um circuito defeituoso

Minha boca de areia
Meus olhos de areia
Meus ouvidos
Nariz de areia

Espasmos e espantos
No espaldar
Não há água que dê conta
Escoar a torrente 
Afrouxar o dente
Que aprisiona o berro:

Nada
Nada
Descansar
No nada 

E eu a estrangular
Esse grito aos poucos
Com medo de devastar.







Nenhum comentário: