quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Pelo meu olhar ou vida-morte-vida ou do inverno para a primavera

Um véu esvoaçante ao vento frio do fim de tarde

uma nesga de sol no tapete

a água que corre pela vala e ao longo da sarjeta

os respingos que pintam os asfalto ao passar um carro

as manchas escorridas de sujeira nas escadas da entrada do prédio

os escombros de uma demolição ornados por plantas

o abandono na praça

o movimento frenético de pessoas que se entrecruzam na avenida

os feixes de luzes incompreensíveis que os olhos captam

a mente inquieta que não interpreta, ávida por mais

a poeira no chão do hall

as manchas de umidade no muro

as plantas que se agarram às paredes e ao concreto

as folhas que amarelam, secam e caem

assim como as penas que as aves trocam

os pelos que meu cachorro solta

nesse inverno pantanoso, denso, lodoso, sugador como um vórtice

os movimentos dos meus dedos nessas teclas

os acordes do saz que se alinham ao alento, ao meu ritmo interior, como bisturis que operam milagres

a ancestralidade que desce e emerge das profundezas de todos os tempos

o musgo

a terra fora do vaso

o escape

...

fôlego para o novo

do vazio brotam sons aqui e ali

me convidam a despertar

como burburinhos me rondam emoldurando o pulsar da vida

sensações

batidas hipnotizantes de florescimento irrefreável

pistas da alegria que desponta como o sol pela manhã.

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