Que abram as portas e soltem os morcegos mofados
Da memória insana e corrosiva
Que de minha boca já tirei a sujeira
Com enxaguante bucal
E de meu corpo as teias que cobriam a pele
Como seda empoeirada
E nas dobras de meu pescoço passeou tua língua
Entre as mãos tremulas apertei teu rosto
Beijei, suguei, dormi no cansaço de teu peito
E quente era tua cama...
"E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória."
Trecho de 'Resíduo' de Drummond de Andrade
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