quinta-feira, 9 de julho de 2009

Hoje eu sangrei uma veia
- Como há muito não sangrava -
E dela deixei verter as palavras contidas
Arredias e tristonhas...
Espremi o corte diagonal
E o que gotejava
Era o veneno sufocante da dor
Angústia venosa
Natimorta na noite preta e medonha

Do pincel uma lágrima
Uma forma, um sussuro
A cinza espalhada pelo cigarro
Do desespero...

Vastidão.
Um mundo imenso e gélido
Oco.
Indiferenças ambulantes,
Cadáveres a andar.
E a brutalidade logo ali,
Na esquina:
Quando o vidro fumê divide um mundo
Do outro
Quando a busca pelo seleto se torna tão fundamental
Que espaços fechados e refrigerados
Tornam o contato glacial.
Ausência de humanidade.

Um comentário:

Renato Eduardo disse...

Sentimentos inoculados em cada sílaba, cada estrofe personificando a dor sofrida, seus versos evidenciam uma eloqÜência ímpar, tu consegue erigir a genuína poesia: Parabéns !

Eu tenho orgulho de ser amigo de uma poetisa tão hábil como você.